29 de dezembro de 2016

Pedro,


Pedro,

Não sei o que fazer para lidar com o barulho surdo que a tua ausência deixara. Eu não sei existir. Viver dói, dói, dói tão fundo. A espiral de sonhos em que tu me meteste é pura desilusão. A sinuosidade das tuas meias-verdades, quase-mentiras, são mais encaracoladas que esses cachos meus que tanto custo a aceitar, a amar.

Por favor, não me deixe só. Se é de fantasia que minha alma se alimenta, anseia, dê-me mais um copo destas tuas invenções. Um não, dê-me dez, mil, infinitos... Abastece-me de tuas lendas e ensina-me (engana-me) a existir essa existência sem vida, sem significado, sem âmago, sem essência.     

Pedro, esse abismo em que me encontro não tem chão, nem paredes. Não sei como chegar à saída. Que saída? Não há luz aqui. Não vejo breu, no entanto. Há apenas esses riscos vermelhos e amarelos; essas rajadas de vento coloridas.

Quando tu chegas, querido? Tu vais me trazer aqueles caracóis castanhos e azuis que me prometeste? 
Tu vens, sim?

Com amor e dor,

Helena

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Bia N. | 13.06.2016

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