Pedro,
Não sei o que fazer para lidar
com o barulho surdo que a tua ausência deixara. Eu não sei existir. Viver dói,
dói, dói tão fundo. A espiral de sonhos em que tu me meteste é pura desilusão.
A sinuosidade das tuas meias-verdades, quase-mentiras, são mais encaracoladas
que esses cachos meus que tanto custo a aceitar, a amar.
Por favor, não me deixe só. Se é
de fantasia que minha alma se alimenta, anseia, dê-me mais um copo destas tuas
invenções. Um não, dê-me dez, mil, infinitos... Abastece-me de tuas lendas e
ensina-me (engana-me) a existir essa existência sem vida, sem significado, sem
âmago, sem essência.
Pedro, esse abismo em que me
encontro não tem chão, nem paredes. Não sei como chegar à saída. Que saída? Não
há luz aqui. Não vejo breu, no entanto. Há apenas esses riscos vermelhos e
amarelos; essas rajadas de vento coloridas.
Quando tu chegas, querido? Tu
vais me trazer aqueles caracóis castanhos e azuis que me prometeste?
Tu vens, sim?
Com amor e dor,
Helena
*
Bia N. | 13.06.2016
Nenhum comentário:
Postar um comentário